O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida faz parte de um conjunto de restrições impostas nesta sexta-feira (18) no âmbito de uma nova operação da Polícia Federal.
Além do monitoramento eletrônico, Bolsonaro está proibido de sair de casa entre 19h e 6h, inclusive nos fins de semana, de acessar redes sociais, de manter contato com embaixadores, diplomatas estrangeiros e outros investigados, incluindo o próprio filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
Segundo Moraes, Bolsonaro e Eduardo tentaram interferir diretamente no curso de processos judiciais e atentaram contra a soberania nacional. A decisão menciona uma tentativa “consciente e voluntária” de extorsão institucional e uso político da crise diplomática com os Estados Unidos.
A operação foi deflagrada uma semana após a abertura de inquérito que apura crimes de coação no curso do processo, obstrução da Justiça e atentado à soberania, cuja pena pode ultrapassar 20 anos de prisão. A Polícia Federal apreendeu valores em espécie (R$ 8 mil e US$ 14 mil) e um pendrive escondido no banheiro da casa de Bolsonaro, em Brasília. O conteúdo do dispositivo será analisado.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) destacou o risco de fuga do ex-presidente como uma das justificativas para as medidas cautelares.
Ainda segundo Moraes, Bolsonaro condicionou publicamente o fim de sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos à concessão de anistia pessoal por parte da Justiça brasileira — declaração feita em entrevista coletiva na quinta-feira (17), poucas horas antes da operação.
Reações e defesa
Parlamentares bolsonaristas reagiram nas redes sociais. O deputado Eduardo Bolsonaro publicou em inglês que Moraes “dobrou a aposta” após um vídeo do pai direcionado ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Já o senador Flávio Bolsonaro declarou: “A humilhação deixará cicatrizes, mas servirá de motivação para seguirmos lutando por um Brasil livre de déspotas”.
A defesa do ex-presidente declarou ter recebido as decisões com “surpresa e indignação”, considerando as medidas “severas e desproporcionais”. A equipe jurídica informou que só irá se pronunciar após ter acesso integral à decisão do STF.
Foto: Mateus Bonomi/Agif/AFP