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DE FISCAL A ACUSADO: MANOEL MEDEIROS QUESTIONA INTIMIDAÇÃO POLÍTICA NA ALEPE

Alexandre Santos Alexandre Santos Seguir Publicado em 22/08/2025 · 2 mins de leitura
DE FISCAL A ACUSADO: MANOEL MEDEIROS QUESTIONA INTIMIDAÇÃO POLÍTICA NA ALEPE
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A política pernambucana viveu mais um dia de fortes embates nesta quarta-feira (20). O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), deputado Álvaro Porto (PSDB), acusou o secretário-executivo de Informações Estratégicas do governo Raquel Lyra, Manoel Medeiros Neto, de ser responsável pela criação de uma suposta “milícia digital” voltada a atacar parlamentares e instituições do Estado.

Segundo Porto, Manoel teria utilizado uma lan house para redigir e enviar uma denúncia anônima contra a deputada Dani Portela (PSOL), que foi parar no Ministério Público de Contas e na imprensa. O presidente da Alepe afirmou ter em mãos imagens e registros coletados pela Superintendência de Inteligência Legislativa (Suint), que indicariam o envolvimento direto do assessor do governo.

A denúncia abriu mais uma frente de tensão entre Executivo e Legislativo, justamente no momento em que a CPI da Publicidade começa a investigar os gastos de comunicação do governo estadual.

A reação de Manoel

Em nota pública, Manoel Medeiros Neto rebateu as acusações e transformou o debate em uma questão maior: o direito de qualquer cidadão denunciar possíveis irregularidades.

Ele declarou ter ficado surpreso com a decisão da Polícia Legislativa de investigá-lo “simplesmente porque, no exercício da cidadania, levantei e solicitei apuração de indícios de irregularidades”. Manoel afirmou que utilizou o anonimato não por medo, mas para preservar sua integridade — algo garantido constitucionalmente.

“Fui invadido e exposto simplesmente por denunciar um possível esquema de corrupção.“

O assessor destacou ainda que sofreu tentativa de intimidação e criminalização de seu ofício jornalístico, além de acusar “a velha política” de tentar calar vozes incômodas. Ele afirmou confiar que as denúncias serão apuradas e que Pernambuco não pode retroceder a práticas típicas de regimes autoritários.

O contra-ataque no plenário

Do outro lado, a deputada Dani Portela rebateu a denúncia contra seu gabinete, classificando-a como “manobra” para enfraquecer a CPI da Publicidade. Ela afirmou que não há irregularidades na contratação de empresa ligada a familiares de seu marido e garantiu que tudo foi analisado pela Procuradoria da Alepe.

Já o deputado Renato Antunes (PL) buscou amenizar o impacto político, dizendo não acreditar que a governadora Raquel Lyra tivesse conhecimento do caso. Ele defendeu que, se for comprovada a participação de um servidor do Estado, “a exoneração deve ser imediata”.

O ponto central: intimidação ou investigação?

O episódio levanta um questionamento que reverbera dentro e fora da Alepe: desde quando denunciar possíveis irregularidades passou a ser motivo de investigação contra quem denuncia?

De um lado, deputados veem na ação de Manoel um ataque orquestrado. Do outro, o assessor se coloca como vítima de perseguição política, acusando setores da “velha política” de tentar calar denúncias legítimas.

Em meio ao clima de desconfiança, a crise entre Legislativo e Executivo se aprofunda e reforça o tom de confronto institucional. A expectativa agora é de que o material coletado pela Suint seja encaminhado à Justiça e à CPI da Publicidade, dando novos capítulos a uma disputa que está longe de terminar.

Foto: Blog do Ricardo Antunes