As fortes chuvas e ventanias que atingiram ontem o Grande Recife revelaram, de forma alarmante, a fragilidade da infraestrutura da região diante de eventos climáticos extremos. Com três vítimas fatais – duas no Recife e uma em Camaragibe – e mais de 100 pessoas desalojadas, o cenário evidenciou a necessidade urgente de repensar as estratégias de prevenção e resposta a desastres.
Durante o temporal, registros apontaram que 90 pessoas ficaram desabrigadas na capital, enquanto Jaboatão dos Guararapes contabilizou 17 desalojados. Em Paulista, a situação foi igualmente crítica, com 20 famílias obrigadas a deixar suas casas devido às enchentes. Além das perdas humanas e dos desalojamentos, a população conviveu com a queda de diversas árvores e ruas praticamente intransitáveis, inundadas a tal ponto que se tornou difícil encontrar sequer um trecho seco para circular.
A calamidade expôs falhas no preparo das cidades frente a eventos climáticos de grande intensidade. Especialistas apontam que a falta de investimentos em infraestrutura e a ausência de um planejamento integrado entre os municípios da Região Metropolitana do Recife contribuíram para o agravamento dos impactos das chuvas. Em tempos em que a frequência e a intensidade dos fenômenos climáticos têm aumentado, a mobilização dos gestores públicos torna-se indispensável.
Historicamente, o Conselho Metropolitano reunia os prefeitos das 14 cidades da RMR para debater soluções e implementar ações conjuntas para problemas comuns. No entanto, o órgão perdeu relevância nos últimos anos devido a desarticulação entre os entes municipais. Diante da atual emergência, a necessidade de sua reestruturação é cada vez mais premente.
Mirella, que atualmente tem liderado os esforços para a retomada do Conselho, já iniciou articulações em parceria com Mano Medeiros. A iniciativa visa retomar as discussões e implementar medidas que possam fortalecer a cooperação entre as cidades, mitigando os efeitos de futuros desastres. Olinde, por sua vez, deverá liderar as negociações para o restabelecimento do órgão, reforçando a urgência de uma resposta integrada e eficiente.
A articulação liderada por Mirella e a expectativa de retomada do Conselho Metropolitano representam um passo importante rumo à construção de uma região mais preparada para enfrentar os desafios. Contudo, especialistas alertam que, além da reestruturação institucional, é preciso investir em infraestrutura, planejamento urbano e ações de prevenção para reduzir os riscos e os impactos de futuros eventos extremos.
Enquanto as autoridades trabalham para restabelecer a normalidade, a população segue enfrentando os resquícios dos temporais, aguardando que lições extraídas desta tragédia se transformem em ações concretas para proteger a cidade e seus cidadãos.